Lipedema e acompanhamento psicológico: por que é necessário?

Lipedema e impactos psicológicos
Muitas mulheres com lipedema enfrentam problemas não somente na saúde física, mas na saúde psicológica também. Isso pode ser devido a vários motivos, como por exemplo: 

• Dificuldade em receber o diagnóstico correto: infelizmente, muitos profissionais da área da saúde ainda desconhecem essa condição e não sabem identificá-la, chegando a confundir, inclusive, com obesidade ou celulite. Isso é um erro grave, pois isso pode levar a paciente a dois caminhos: realizar tratamentos inadequados que piorem sua condição, ou, impedir que a pessoa reconheça a própria condição e busque um tratamento adequado e focado em suas necessidades.
  
  
• Dificuldade de acesso ao tratamento adequado: por mais que tenha recebido o diagnóstico correto, a paciente com lipedema ainda enfrenta dificuldades para encontrar profissionais capacitados que a ajude a lidar efetivamente com a sua condição, além disso, o tratamento multiprofissional especializado também demanda um investimento alto, o que para muitas mulheres ainda é difícil de arcar.
  
  
• O lipedema gera insatisfação corporal: uma das dificuldades que o lipedema traz é a insatisfação com o corpo. A maioria das pacientes com lipedema relatam não gostar da aparência de suas pernas e braços, além de já terem recebido comentários invasivos e preconceituosos em relação à aparência de seus corpos. As pessoas com lipedema também se queixam da dificuldade para encontrar roupas, acessórios e botas que se adequem a suas formas corporais. Todos esses motivos ajudam a reforçar a sensação de ‘inadequação’ do corpo, acarretando em prejuízos emocionais e reforçando a sensação de insatisfação corporal.
  
  
• Realização de dietas restritivas de forma constante: devido a insatisfação corporal e a busca pelo emagrecimento, muitas mulheres com lipedema acabam aderindo a prática de dietas restritivas de forma constante. A realização de dietas restritivas de forma constante é fator de risco para transtornos psicológicos, como transtornos alimentares, depressão e ansiedade, além de não tratar o lipedema. Realizar dietas restritivas para lipedema é ineficaz e até mesmo prejudicial, pois foca na perda de peso e não aborda as causas subjacentes dessa condição (que são genéticas, fisiológicas e ambientais).
  
  
• Necessidade de mudança de hábitos: o tratamento para lipedema demanda mudança na rotina, na alimentação e em outros hábitos, o que requer tempo e paciência. Trabalhar a motivação é essencial para manter-se otimista durante o processo.
  
  
• O lipedema não tem cura: aceitar uma condição crônica pode ser um desafio para muitas pessoas. O lipedema é uma condição que não tem cura, portanto, a paciente precisa ter consciência disso para que possa criar expectativas realistas em relação ao seu tratamento. 

Devido a todos esses motivos, as pacientes com lipedema podem ficar mais suscetíveis a impactos emocionais, como raiva, frustração, culpa e tristeza, que ao longo do tempo podem acarretar no desenvolvimento de transtornos como ansiedade, depressão e transtornos alimentares. 

Por conta disso, as pacientes com lipedema se beneficiam do processo de psicoterapia especializado, pois o que elas mais precisam é de acolhimento, direcionamento, orientação especializada em relação a sua condição e a oportunidade de ressignificar a relação com o próprio corpo e alimentação.

Lidar com o lipedema de forma compassiva e respeitosa é possível. Vamos juntas? 🦋