Hoje em dia, “ser magra” é um conceito bastante subjetivo. Para uma pessoa pode significar caber em um determinado número de roupa, para outra, pode ser ter um corpo sem curvas, para outra, apenas não estar “acima do peso”. Ou seja, “ser magra” acaba sendo uma meta abstrata, instável e que muda de acordo com o locutor. Mas fato é que, tem virado consenso de que para “ser magra”, você precisa passar fome, e muitas pessoas sequer pensam se essa afirmação faz sentido.
Hoje em dia, os discursos tem associado a magreza extrema à saúde, ou seja: se você está magra, está saudável; Se está acima do peso, está doente. Mas isso não corresponde à realidade. Pessoas com anorexia, por exemplo, estão em extremo risco de vida mesmo estando abaixo do peso. Pessoas que estão passando por tratamento oncológico, muitas vezes perdem muito peso, e isso não quer dizer que elas estejam saudáveis. Pessoas com bulimia, muitas vezes mantêm um “peso normal”, mas enfrentam consequências sérias à saúde, pois as estratégias que usam para a manutenção do peso são completamente arriscadas.
O ideal de magreza acaba alienando as pessoas da realidade. Elas buscam por soluções milagrosas e rápidas, sem considerar os eventuais riscos. Além disso, o ideal de magreza as faz ignorar questões individuais, como metabolismo, fisiologia, genética, questões hormonais, contexto social e até financeiro. Faz as pessoas esquecerem que são seres humanos com necessidades reais, como fome, descanso e prazer.
E, para perseguir essa magreza extrema, muitas pessoas acabam replicando a estratégia de “passar fome”, sem saber que:
- Ao restringir a alimentação, seja por conta própria ou a partir do uso de medicamentos, acabam conduzindo o corpo a entrar em “modo economia”, onde o metabolismo desacelera e a pessoa passa a perder massa muscular e desidrata.
- Devido às restrições, o coração tende a sofrer desequilíbrios eletrolíticos e arritmias graves.
- A restrição pode bagunçar hormônios e comprometer os ossos, aumentando o risco de osteoporose.
- Ao cessar a restrição intensa e voltar a se alimentar normalmente, o corpo pode sofrer da perigosa síndrome da realimentação, levando a desequilíbrio nos minerais do sangue (como fósforo, potássio e magnésio), que são essenciais para o coração, os músculos e o cérebro funcionarem, gerando sintomas como cansaço extremo e fraqueza, falta de ar, confusão mental, alterações no coração e, em casos graves, podem até ser fatais.
- O impacto emocional da restrição é enorme: há o aumento da ansiedade, dos sintomas de depressão, obsessão com comida e pode levar a episódios de compulsão.
- A vida social e a qualidade de vida ficam prejudicadas: a busca pela magreza te deixa completamente fadigada, e você não tem energia para se dedicar às suas relações, estudos, trabalho, lazer e outros interesses.
Percebe a contradição? O que muitas vezes começa como “busca pela saúde”, acaba se transformando em práticas que adoecem, podendo até colocar a vida em risco.
E tudo isso não é coincidência. Esses discursos são construídos como armadilhas, que vendem soluções milagrosas enquanto lucram com a sua insegurança. No fim, quem sai perdendo é sempre você.
Diante de tudo isso, será que ainda faz sentido acreditar que se submeter à fome é a única saída? Ou será que está na hora de considerar caminhos mais coerentes e sustentáveis para o seu bem-estar?